quarta-feira, dezembro 27, 2006

bip das sete (antes e depois)

Se rompe do ensaio
Se mexe e vai fundo
Enterra o nariz no sofá
Logo depois do bip das sete

(É esse o seu jeito
de fazer festinha no desinteresse)

Da ducha ao lençol, depois do café
Na fricção do antebraço
Sente o arder de seus ossos
Da ansiedade do porvir que não vem
Sem fatos pra encher triviais
Só pena; pasmo, a solução vacila
Acordado, a pressão surpreende cortando

Me equivoco, sou eu que evoco essa espada
Visto a calça, como o embrulho do pão
Encho o espelho, desmonto a espécie de choro
Largo o enguiço, prendo o esforço
Adio o espasmo de verso curto
E vou na calma, que o rosto não quer simular

sábado, dezembro 09, 2006

Encorajamento por culpa e dó

Com muita felicidade guardada por trás das palavras, linguarudo que sou, fofoco sobre mim mesmo. Conto que este poema foi premiado no "II concurso literário anõnimos escritores do orkut/2006". O lugar, não me importa. Fui lembrado, lido e pronto.

Confiram:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=266647






Língua ingrata mostrada de frente
É calçada de sombra curta
Cansado vou, rangendo as solas
Provoco as grades:
esmago a palma
No ferro em solda

Sentido centro
Cai um relance
Desvio a imagem
E de toda calma
O alimento
Renasce a idéia de contratempo
Acaba-se o dia num instante
Com uma média azeda na mão,
eu digo: “camarada”.

Deixo o fusca passar
A morte acende
a coisa estúpida da alma
Venho aqui, só por estática
Refugo-me inerte,
em “com licenças” solenes
Julgo ser prata
o metal dos olhos
Deduzo reflexo, sei lá
Então, se corta a corrente
E acabo amargo,
entendendo o átimo
Num desnível de rua.